24 julho 2006

"Eu queio chá!"

O Japão é um país cheio de opções de compra. Por exemplo, ao invés de termos cinco ou seis opções de refrigerante em um vending machine, existem máquinas que vendem talvez até 20 tipos de bebidas diferentes. O mais interessante é que os produtos são sempre renovados, com novos lançamentos e mudança de embalagem. As diferenças não ficam apenas na marca, mas existem tipos que variam desde água mineral à chá verde. Isso mesmo, o chá nas terras nipônicas são encaradas como uma "espécie de guaraná". O chá é aquele mesmo, com um verde sem graça, sem apelo nenhum para se mostrar ao menos agradável ao paladar. Outra coisa, normalmente o açucar não é incluso. Meu Deus! Eles vendem uma água esverdeada sem sabor???? E o pior é que são vendidos com o mesmo preço da coca-cola e gelados da mesma forma! Muito interessante, uma simples infusão sendo comparada à perfeita química corrosiva da coca. Bom, mas o fato é que o chá é muito apreciado pelos japoneses. Com o passar dos dias, a pessoa acaba se acostumando com o aguado sabor da bebida. Em alguns casos, é possível até descobrir novos sabores antes nunca experimentados. E ao que parece, a cultura do chá é iniciado bem cedo, ainda na idade do "gu-gu da-da".

Em Yokohama, na linha chamada Soutetsu, houve um caso bem interessante que envolvia uma família jovem com uma criança. Os pais jovens, com a velha mania de comprarem o que eles definem como ferramental básico para se criar uma criança, tal como um colete para carregar a criança nas costas dotadas com um tecido especial que absorve o suor tanto do pai quanto da criança, com plugues de dupla segurança para garantir que a criança não caia do colete (alguns dizem que são na verdade camisas de força para tentar manter o pimpolho quieto), cinto extra de segurança, e capacidade de se transformar em um confortável assento para poder carregar a criança no colo dentro de um trem. Existem pessoas que dizem que esses novos pais estão na verdade comprando brinquedos para eles mesmo e que só usam o filho como pretexto. Pois bem, o fato se inicia quando o pai, sedento depois de passar um dia inteiro brincando com os filhos, pede à esposa uma garrafinha de chá. Ela prontamente, como uma boa mãe e esposa atende ao pedido do garotão. Então o pai abre a garrafa e começa a molhar a garganta sedenta. O filho ao ver o pai, quase que em câmera lenta, o som do gargalo ecoando no silêncio do desejo, logicamente fica com vontade de experimentar o "coisa boa". O pai já saciado resolve devolver a garrafa para a esposa.

A criança, de mais ou menos uns seis meses, não é muito habilidoso com os seus membros e então começa a se movimentar. Primeiro verifica onde estão as suas mãos. Opa! Essas coisas compridinhas estão se movimentando como eu quero. Agora cadê a "coisa boa"? O quê? mamãe já pegou de volta? Eu queio! Eu queio! Hmmm... bom, é só esticar os meus coisas compridas que se mexem como eu quero pra pegar o "coisa boa". Urgh! Papai tá me segurando muito forte! Eu preciso me esforçar... Urrgh! Assim não dá, vou falar pra mamãe!: "Unhééééééé!!!!!!! Unhééééééé!!!!!!! ". Ela vai me entender. O quê? Mas por que mamãe está apalpando o meu bumbum de novo? Não mãe! Eu quero o "coisa boa" que papai glub-glub! Era só o que faltava, agora mamãe me pegou no colo e está de pé. Eu não quero olhar pra fora! Eu quero o "coisa boa"!!! Vou tentar de novo: "Unhééééééé!!!!!!! Unhééééééé!!!!!!! ". Agora sim... agora mama... Papai???? Não papai, não é pra mexer com o colete. Agora papai quer brincar com o colete... Ai ai ai... Por que ele está tirando o colete de mim? Ninguém me entende? Opa! Acho que papai entendeu! Ele pegou o "coisa boa" e... está glub-glub de novo?!?!?! Eu queio! Eu queio! "Unhééééééé!!!!!!! Unhééééééé!!!!!!! " Opa! Agora eles entenderam... Mamãe tá limpando a boca do "coisa boa"! Hehehe, Agora sim... Obrigado mamãe, a senhora é uma santa! Agora é só eu ... epa! Que coisa branca é essa na boca do "coisa boa"? É duro, não é bom... E eu nem tenho dente ainda... Papai gosta disso? Papai é estranho... Cansei.

"Ai filhinho! Não é pra jogar no chão!" Ih! mamãe tá brava! Bom, como não entendo nada do que ela fala, eu vou dormir. Boa noite.

17 julho 2006

Vício ou necessidade?

A internet está aí, mudando a vida de milhares de pessoas no mundo inteiro. Ele também está fazendo parte da construção da vida dos jovens, formando uma geração à muitos anos luz da geração coca-cola. De fato, muito se pode aprender usando a internet, ou também desaprender. É muito cômodo procurar uma resposta à uma dúvida de forma simples e principalmente rápida. E seguindo a rapidez das melhorias, cada vez mais essa ferramenta de comunicação, ou melhor, de informação está se tornando, ou já é algo que não podemos mais deixar de lado.

Por outro lado, outros meios de comunicação, tais como a televisão ou mesmo telefone estão cada vez mais se tornando obsoletos. A televisão por um lado está sofrendo mudanças como a sua transição para o sistema digital, que traz um pouco de interatividade. O telefone por sua vez, continua sendo uma necessidade para toda família e firma. No entanto, o próprio aparelho telefônico está deixando de ser necessário. Por incrível que pareça, o mais importante do telefone hoje é o cabo telefônico.

Bom, deixando de lado toda essa transformação dos meios de comunicação, nosso repórter, Beto de Bota está vivendo uma experiência própria deste século. Existem pessoas que tentaram viver sem telefone celular, sem carro e outras loucuras. Nosso repórter está vivendo hoje sem internet em casa. O custo total para se manter conectado à rede internacional está em torno de 100 reais por mês no Japão, atual residência da cobaia.

Hoje ele tem completado dois meses e meio sem a internet. Ao entrevistá-lo, ele levantou alguns pontos interessantes sobre a abstinência eletrônica:


  • A televisão não mais satisfaz o desejo pela informação. Ao que parece, o usuário se sente aprisionado pela restrição imposta pela informação televisiva. De acordo com o entrevistado, a falta de interatividade aumenta a ansiedade.
  • Aumento do stress devido a pressão de procurar as informações antecipadamente. Aumento do consumo de caloria para planejar o que procurar pela net ao ter acesso a uma.
  • Impossibilidade de atualizar a página "Uma bota sem pé" de acordo com o cronograma


Bom, concluindo, nosso repórter disse que hoje, para ele, é impossível viver sem internet. Existem pessoas que tem somente a internet como meio de busca de informações, deixando os tradicionais telefones, televisores e até jornais de lado. Querendo ou não, a internet preencheu uma lacuna da sociedade, tornando-o insubstituível nos dias de hoje. Seria um vício? Talvez. Mas que ele atende a necessidade da sociedade hoje, com rapidez e facilidade em obter informações, conectando milhares e milhares de pessoas no mundo, quebrando barreiras das diferenças culturais e religiosas.

Comentários sobre comentários - no.11

Vovô na trilha da informática
Meu avô já está super atualizado, ontem mesmo mandou um e-mail para o meu pai!
Dichaan está sempre me surpreendendo :]]
Fairynha


Opa! Eis um exemplo vivo de vovô hightech! Parabéns para ele!

Pô tio Bota, não atualiza mais isso aqui não?!!?
Fairynha


Cara Fairynha, como já citado no post "Vício ou necessidade?", atualmente não estamos em condições adequadas para publicar novos posts a "Uma Bota sem pé". Estaremos com o cronograma irregular por tempo indeterminado, até que o editor tenha vergonha na cara e assine um provedor de internet. Nós funcionários da UBSP estamos conversando com a diretoria para melhorar as condições de trabalho, caso contrário, entraremos em greve também por tempo indeterminado. Entre na campanha você também do "Publique o meu post, Editor!".

CsC - no.10
Tais mudanças são inevitáveis, sem dúvida, num mundo tão capitalista como o nosso.. eu admito que gosto de comer no Macdonalds, colocar uma roupa importada e assistir a um filme japonês. Mas o que me perturba mais é que td aquela cultura que o Japão tem parece estar sendo esquecida.. Tá certo que certas coisas não voltam mais.. Mas seria um desperdício uma cultura tão bonita se perder assim. Katsushita virou um museu ao ar livre.. Então se as cidades manterem-se conservadas ao longo do tempo, elas viram museu? :/

Depois eu vejo se encontro Otokowa Tsuraiyo pra baixar no Shareaza hehe
Fairynha


De fato, cara Fairynha. É triste saber que um dia, culturas inteiras podem desaparecer. Infelizmente isso faz parte da cultura da massa, assim define o nosso editor. Hoje, observamos uma sociedade que flui de acordo com o movimento do capital, ou seja, dinheiro. Eis talvez uma das patologias da sociedade de hoje. Uma vez ela se move conforme o dinheiro, isso só faz com que todos se tornem no burro de carga que corre atrás da cenoura pendurada na sua frente. Nesse caso o burro representa a sociedade e a cenoura o dinheiro. O que se pode fazer para melhorar essa situação? Bom, é preciso mostrar à todos outras ambições fora o dinheiro.

Sobre a cidade museu, esse termo nada mais é que uma definição livre do nosso diretor. Mas o que ele quis dizer que a cidade se tornou em um local preservado pela sociedade local e também pela secretaria administrativa do governo local. Significa que um grupo de pessoas desejam que o local seja preservado para futuras gerações. Se isso irá se manter, só o tempo sabe.