30 março 2012

Inspiração


Como qualquer um, vivo um dia por vez. Normal, né? Mas acredito que o ser humano necessite de algo para se encantar com cada dia que vive.

Quando mais jovem, acreditava que todos precisavam buscar a felicidade, e talvez a felicidade eterna. Em alguns casos, até encontramos pessoas idosas que parecem estar vivendo felizes incondicionalmente. Encontrar com a família que vem visitar, preparar aquele franguinho que todos elogiam, fazer o crochê mais lindo que o anterior, estar ao lado do homem mais belo do mundo, pelo menos para ela... Poderíamos citar milhões de coisas que possam motivar toda felicidade aparente. Se perguntarmos para ela, com toda certeza ela irá contar milhares de histórias que iriam nos inspirar e entender o que a faz feliz todo dia.

Confesso que não sou como eu gostaria. Às vezes eu sinto um pouco de depressão e tento me entreter para fugir desta situação. Horas, por que eu não consigo ser feliz como a senhora do parágrafo anterior? Devo aprender a cozinhar melhor? Aprender crochê e deixar a minha masculinidade de lado e suportar toda humilhação depois? Existe algo que não se encaixa bem nesta história.

Mas hoje eu começo a entender um pouco o segredo da felicidade. É como se eu estivesse tentando aprender a fazer conta de matemática. No início, é difícil entender aquela sequência de números, combinados com sinais de cruz ou um sanduíche de pontinhos, poderiam resultar em novos números como mágica. Mas agora estou aprendendo a ser feliz.

Ouvindo um discurso feito pelo cientista já falecido Judah Folkman, ele me ensinou uma palavra nova: epifania, ou para alguns o momento "A-HÁ!". Esse é o momento da boa descoberta. É como se você tivesse descoberto a cura de uma doença tida como incurável. Você logo imagina o quanto essa descoberta iria ajudar as pessoas. Enfim, a descoberta acaba causando uma reação em cadeia que em um dado instante você se sente feliz realmente. Neste momento eu acabo de ter uma epifania: que a felicidade não é um estado estável. Ela termina quando a reação em cadeia acaba.

Significa que se não tiver uma atitude ativa, dificilmente uma pessoa se tornaria feliz, pois a felicidade não vem pronta. Ela deve surgir a partir de um esforço seu. No momento que sentir que o esforço realizado é mínimo se comparado ao retorno merecido que é a felicidade, então teremos um momento longo de felicidade, assim como a senhora que citei no início do texto. Ela é capaz de ser feliz, pois ela sabe encontrar as epifanias de forma eficiente, gerando uma reação em cadeia aparentemente sem fim.

Mas como isso seria possível? Penso que graças à capacidade fácil de ter epifanias, como notar a beleza de uma flor que dia após dia, a flor mostra uma beleza diferente, ou a macarronada que todos apreciam recebe a cada vez que é feita, uma dose de amor e equilíbrio. Acredito que ela seja capaz de apreciar a companhia do marido, mesmo que ele aparente não fazer nada. Ela simplesmente o ama cada vez mais a cada dia que passa.